sexta-feira, 30 de julho de 2010

Biomecânica…algumas pistas:

Enunciados Sobre a Biomecânica
Vsevolod Meyerhold

1. Toda a biomecânica está baseada sobre este fato: se a ponta do nariz trabalha, todo o corpo também trabalha. À menor tensão, todo o corpo trabalha.
4. Cada um dos que trabalham deve estar consciente do momento em que pode passar de uma posição a uma outra. Uma cesura é obrigatória depois de cada elemento da tarefa dada.
5. Na biomecânica, cada movimento é composto de três momentos: 1) intenção, 2) equilíbrio, 3) execução.
8. A coordenação no espaço e sobre a área de representação, a capacidade de encontrar-se a si mesmo em um fluxo de massa, a faculdade de adaptação, de cálculo e de justeza do golpe de vista são as exigências de base da biomecânica.
9. A exclamação, signo do grau de excitabilidade, deve ter sempre um suporte técnico. A exclamação não pode ser admitida senão quando tudo está tenso, quando todo o material técnico está organizado.
10. Uma calma total e um equilíbrio justo são as primeiras condições de um bom trabalho preciso.
13. Ao executar um exercício, é preciso proibir-se de manifestar fogo ou temperamento, não se deve ter pressa, nem se apropriar muito do espaço. Domínio de si, calma e método antes de tudo.
14. Cada um deve possuir a posição convincente de um homem em equilíbrio, cada um deve ter uma reserva de atitudes, de poses e de diferentes recursos que permitam-lhe manter o equilíbrio. Cada um deve buscar por si mesmo o equilíbrio necessário ao momento dado.
15. Cada um deve compreender e saber sobre que perna está, a direita, a esquerda, as duas juntas. Cada intenção de mudar a posição do corpo ou dos membros deve imediatamente ser consciente.
16. O gesto é resultado do trabalho de todo o corpo. Cada gesto é sempre o resultado daquilo que o ator que mostra o jogo possui em sua reserva técnica.
17. A excitabilidade nasce no processo de trabalho como o resultado da utilização eficaz do material bem treinado.
18. Toda arte é organização de um material. Para organizar seu material, o ator deve ter uma reserva colossal de meios técnicos. A dificuldade e a especificidade da arte do ator residem no fato do ator ser ao mesmo tempo material e organizador. A arte do ator é coisa sutil. O ator é a cada instante compositor.
19. A dificuldade da arte do ator reside na harmonia extremamente rigorosa de todos os elementos de seu trabalho. A chave do êxito do ator está em seu bom estado físico.
21. O espectador deve sempre experimentar uma inquietude. Observando o exercício, ele acompanha um trabalho de alavancas que funcionam e retornam.
23. Em cada exercício coletivo, os participantes devem renunciar de uma vez por todas a este constante desejo do ator: ser o solista.
24. O deslocamento biomecânico do ator sobre a área cênica é uma meia-corrida, uma meia-caminhada, sempre sobre molas.
28. Toda arte é construída sobre a auto-limitação. A arte é sempre e antes de tudo uma luta contra o material.
29. Não se deve dar liberdade aos movimentos. É preciso respeitar uma grande economia de movimento.
30. Os piano e forte são sempre relativos. O público deve ter sempre a impressão de uma reserva não utilizada. Jamais o ator deve dispensar toda a reserva que possui. Mesmo o gesto mais amplo deve deixar a possibilidade de alguma coisa mais aberta ainda.
32. A biomecânica não suporta nada de fortuito, tudo deve ser feito conscientemente com um cálculo prévio. Cada um dos que trabalham deve estabelecer com precisão e conhecer a posição em que se encontra seu corpo, e se servir de cada um de seus membros para executar a intenção.
33. Uma lei geral do teatro: aquele que se permite dar livre curso a seu temperamento no início do trabalho, este o dissipará infalivelmente antes do final do trabalho e sabotará toda a interpretação.
34. Nada de superficial é admitido no plano técnico. É preciso suscitar a comodidade e a eficácia. Quando o material está tecnicamente bem estruturado, preparado por um treinamento sólido, é somente então que se pode dar livre curso ao que se chama de excitabilidade. Do contrário o trabalho fracassará.
35. Nos exercícios preparatórios, nos ensaios, é preciso significar as emoções ligeiramente, por um pontilhado, indicando apenas, e com precisão, onde e quando deve se produzir a explosão. Uma exclamação mal preparada tecnicamente levará fatalmente a uma perda de equilíbrio. Será necessário buscá-la de novo, ou seja, recomeçar todo o trabalho.
37. O ator deve sempre colocar em primeiro lugar o controle de seu corpo. Temos na cabeça não um personagem, mas uma reserva de materiais técnicos. O ator está sempre na posição de um homem que organiza seu material. Deve utilizar com precisão seu diapasão e todos os meios de que dispõe para executar uma intenção dada. A qualificação do ator é sempre proporcional ao número de combinações que ele possui em sua reserva de técnicas.
39. Assim como a música é sempre uma sucessão precisa de medidas que não rompem o conjunto musical, também nossos exercícios são uma seqüência de deslocamentos de uma precisão matemática que devem ser claramente distinguidos, o que não impede absolutamente a clareza do desenho de conjunto.
43. Acordo, atenção, tenacidade são os elementos de nosso sistema. Uma atenção concentrada no plano físico antes de tudo. O estado livre do corpo relaxado (duncanismo) é inadmissível. Entre nós, tudo é organizado, cada passo, o menor movimento está sob controle. O olho trabalha o tempo todo.
44. O princípio da biomecânica: o corpo é uma máquina, quem trabalha é o maquinista.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Galera! Ta chegando a hora!

 

2º Festiva de Teatro da Cidade de São Paulo

“Homens de Papel”, de Plinio Marcos

Esperamos todos na plateia!

Teatro Bibi Ferreira

27/07/2010

21h

 

guiadafolha

terça-feira, 6 de julho de 2010

Impressões imperfeitas e felizes!

 

“A Visita da Velha Senhora”, de Friedrich Dürrenmatt Foto0295

Dirigida por Renata Kamla, com alunos do 3º e 4º semestres do curso profissionalizante de ator, a peça integra a 72ª Mostra do Teatro Escola Macunaíma.

Ontem assisti a esta montagem e sai feliz do teatro. Primeiro por que percebi que os alunos estavam inteiros, entregues, no palco. Observava-se claramente o trabalho corporal e vocal colocados em prática e, o melhor: o entendimento e a apropriação das ideias e propostas da direção para a montagem.

Tive a sensação de ter ido ao teatro. Não fiquei com aquele “gostinho” de assistir peça de escola, com alunos sem consciência do que estão fazendo no palco, ou estão ali apenas para se mostrar para as familias – atitudes que nos deixam de bode (para dizer “putos”)!!!

Mas não! Muito pelo contrário! A encenação limpa e precisa revelou conceitos extremamente em voga nos ambitos do tatro do mundo. Um espaço potente em teatralidade, com ações que levavam em conta o jogo entre partituras de ações e hiposteses de leituras metafóricas. A “re_forma” da utilização das palavras postas em jogo. A dupla execução  de algumas personagens chave tornou o público cumplice do jogo teatral desde o início do espetáculo e abusou das possibilidades de jogos possiveis em função desta opção.

E é exatamente isto que o público quer do teatro: que ele o inclua e revele os seus artifícios. Só assim ele pode ser cumplice. No teatro não se quer ser realista. Para isso já bata a televisão que invade nosso cotidiano com um sem números de porcarias diárias. O teatro deve ser teatral, performativo, deixar lacunas, poros abertos para o imaginário agir. Para isso deve mostrar seus artificios, colocar o público em uma nova relação de experiência com o evento que se descortina a sua frente. Foto0294

E é exatamente isso que este espetáculo fez.

Parabéns Renata! Parabéns atores! Parabéns a todos os envolvidos!

Evoé!

Impressões imperfeitas e felizes!

 

“A Visita da Velha Senhora”, de Friedrich Dürrenmatt

Dirigida por Renata Kamla, com alunos do 3º e 4º semestres do curso profissionalizante de ator, a peça integra a 72ª Mostra do Teatro Escola Macunaíma.

Ontem assisti a esta montagem e sai feliz do teatro. Primeiro por que percebi que os alunos estavam inteiros, entregues, no palco. Observava-se claramente o trabalho corporal e vocal colocados em prática e, o melhor: o entendimento e a apropriação das ideias e propostas da direção para a montagem.

Tive a sensação de ter ido ao teatro. Não fiquei com aquele “gostinho” de assistir peça de escola, com alunos sem consciência do que estão fazendo no palco, ou estão ali apenas para se mostrar para as familias – atitudes que nos deixam de bode (para dizer “putos”)!!!

Mas não! Muito pelo contrário! A encenação limpa e precisa revelou conceitos extremamente em voga nos ambitos do tatro do mundo. Um espaço potente em teatralidade, com ações que levavam em conta o jogo entre partituras de ações e hiposteses de leituras metafóricas. A “re_forma” da utilização das palavras postas em jogo. A dupla execução  de algumas personagens chave tornou o público cumplice do jogo teatral desde o início do espetáculo e abusou das possibilidades de jogos possiveis em função desta opção.

E é exatamente isto que o público quer do teatro: que ele o inclua e revele os seus artifícios. Só assim ele pode ser cumplice. No teatro não se quer ser realista. Para isso já bata a televisão que invade nosso cotidiano com um sem números de porcarias diárias. O teatro deve ser teatral, performativo, deixar lacunas, poros abertos para o imaginário agir. Para isso deve mostrar seus artificios, colocar o público em uma nova relação de experiência com o evento que se descortina a sua frente.

E é exatamente isso que este espetáculo fez.

Parabéns Renata! Parabéns atores! Parabepns a todos!

Evoé!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

transição

Mais um “semestre escolar” vai chegando ao fim.

Turmas vão subindo aos palco, apresentando seus resultados, estreando a vida teatral!

Que delícia é presenciar estes momentos!

Bocas rasgando sorrisos, olhos brilhando com as quase lágrimas que esplodem de emoção! e são tantas! é sempre uma mistura de muitas coisas.

O espetáculo que é apresentado como “o resultado”, é algo que agrega muita memória. é sintese. e por isso mesmo, é impossível alí, no momento do ato, no palco, revelar tantas alegrias e percalços que passamos ao longo de quase cinco meses de ensaios.

É preciso ficarmos atentos: o que assistimos alí, na mostra de teatro escolar, são alunos aspirantes a ator! é uma fase de metamorfose. os atores mesmo, artistas, estão ainda por vir. por se contruir, contituir.

O que espera o espectador em uma sala de teatro-escola?! ver os amigos, os filhos, sobrinho e/ou namorados brilhando. mas devem ter clareza que o que se apresenta é uma aula-aberta, ou melhor: uma aula aberta ao público.

Que Dionísio tenha tocado os corações estreantes!

que todos os deuses do teatro iluminem as jornadas dos persistentes, dos cheios de boa vontade, de gana! pois teatro é luta, é vencer percalços, deixar o égo de lado e necessário e urgente: é preciso jogar a vaidade fora!

Liberdade!

Evoé!

Edu